quarta-feira, 30 de maio de 2012


SORTIE

A solidão de Paris é grande, luminosa, um absurdo,
nunca estive tão só entre milhares de pessoas, 
um pária, uma sombra.
Tentei construir pontes, muitas vezes,  
engenheiro frustrado que fui,
mas essas construções só aceitam tijolos franceses,
assim, não pude atravessar barreiras, todas elas,
que me deixaram à mercê do isolamento,
entre a multidão de transeuntes de Barbès Rochechouart.
Meu mapa foi meu amigo e confidente,
testemunho das placas que meus passos não alcançavam,
dos destinos distantes para um forasteiro,
e dos olhares perdidos.
Na cidade luz a claridade é fria,
talvez só para mim, mas deixo registrado um sorriso
para a placa Sortie.

O AMOR REPELENTE

E nos encontramos diante de nossa história
Feita de recusas e desencontros
Um jogo de perigosos danos
Na mão do tempo e seus obscuros planos

Percorremos essa estrada cada qual na contra-mão
Eu digo “sim”, você diz “não”
Eu sou crime e você é perdão
Talvez nos encontremos mas não há previsão

Eu sou a lua do teu meio-dia
Do dia mais quente, mais sem aparente
Nele sou a nuvem fria

Sou o sol da sua noite mais escura
Desse destino que tropeça, na lenta pressa
Dessa distância que perdura