ADEUS 28
Doída é a separação,
principalmente as com raízes.
Anos de convivência que se
dissipam.
Tanto entrelaçamento,
tanto ‘nós’ entre tantos nós que acabam.
Mas após todo o tempo de
contato tão íntimo é hora do adeus.
Não houve dia em que não
nos sentimos
e não houve noite em que
minha língua morna
não mediu sua superfície
lisa, em toda sua extensão.
Após esse longo período é
fato que você estava dentro de mim
incrustado de maneira que
nunca quis extrair, nunca.
Nossos movimentos
constantes e ininterruptos
só me foram fonte de
prazer e satisfação, isso não hei de esquecer.
Mas decepções sempre
afloram,
e nunca imaginei que você
pudesse me causar a dor de agora,
das últimas semanas.
Dor essa de maneira
intensa e definitiva que não posso mais permitir,
que se faça mais doer.
Por isso, a partir de hoje
não sentirei mais saudades,
apesar do vazio que vai me
deixar, gozo do prazer de te dizer adeus
e te jogar no lixo,
maldito dente 28, o do siso.