quarta-feira, 25 de abril de 2012

DESPEDIDA SEM ADEUS

Minhas frases cálidas te banharam
Te imergiram num calor desconhecido
E talvez tenham te assustado pelo brilho
Desse verão fora de época, nesse frio

Nossas viagens marítimas se perderam
Em algum ponto desse traiçoeiro mapa
E quando quisemos achar as palavras
Elas se viram sem poder dizer mais nada

Agora estamos em terra e por terra se foram
Algumas considerações a serem feitas dessa odisséia
Desse amor que atuou sozinho e nunca se fez por platéia
Eu nunca quis ser essa sua riqueza
Que você gostou sem nunca ter gastado
Nem fabricar esse amor que mora longe, longe do teu lado

terça-feira, 24 de abril de 2012

BEIRA-RIO

Vou me sentar na praiazinha
Pra tentar relembrar minhas tardes de futebol
A busca da bola que insistia em cair no rio
Os pés esfolados de gastar a bola
Ambos arranhados de tanto combate

Os pés na bola no rio

Como era bom aquele tempo
De cansaço que quase não se via
Do correr sem hora pra parar
Nem vontade havia pra descansar
Apenas o jogo de areia e bola

Os pés na bola no rio

Tantas tardes estendidas
Esticadas até o anoitecer  mal vindo
Onde agora mal se enxergava o amigo
E pouco nos importava a hora
Enquanto que tínhamos tudo, tínhamos bola

sábado, 21 de abril de 2012


BURACOS  NA  ALMA

Você me julga, você me joga
Como carta fora do baralho
Você me esnoba, você me esconde
Entre seu pé e o assoalho

Você é infeliz, não sabe amar
Quando muito, me desenha, um carinho escrito à giz
Que qualquer lágrima apaga

Você me congela, você me isola
Um olhar frio a queimar a pele
Você me hostiliza, você me evita
Me rotula ao que te parece


Desculpe a escrita rancorosa, feita a sangue
Pessoas não tem dimensão da maldade
Usam de palavras afiadas tal crianças brincam com facas
Seus gestos sacam armas....buracos na alma.

quinta-feira, 12 de abril de 2012

GARDÊNIA

Uma gardênia levantou-se em meu jardim
Imponente, plantada pela mão esquerda de Deus
Transparente, leito de milhões de raios de sol
Que vinham dementes, iluminar a alva pétala

Sinto que um mal tempo encontrou o seu fim
Nas exaustas nuvens negras que se arrastavam
E rodeavam meu horizonte bordado em cetim
Sem a devida coragem elas disfarçavam...

Uma matilha com brilhantes caninos
Fez crescer um medo de tempos de menino
O que acontece nas noites mais escuras?
De quanta fé é a palavra que afirma mas não jura?

Sei que há muita terra entre as águas salgadas
Como sei quase tudo sobre não sabermos nada
E bebo só da fonte da nascente que há em mim
E bebo sorridente, brancos dentes de marfim

E entre devaneios há os ventos que semeiam
Várias vidas na pata direita de um bem-te-vi
Certamente plantada pela mão esquerda de Deus
Que fita orgulhoso a tua gardênia que no chão sorri