sábado, 28 de julho de 2012


ISCAS  DE  ILUSÃO

A beleza é uma isca que nos leva à mordida
Mas nem sempre nos fisga.
Nem sempre nos risca de alucinação.
Falo apenas da máscara da alma,
Da superfície que temos na palma da mão,
No entretenimento dos olhos.

Os cartazes estão espalhados pela cidade,
As luzes estão sobre os outdoors
Mas não iluminam mais que o dia
Mostrando que em todo lugar há maldade
Então vejamos sempre pela luz do sol
Pois estamos às voltas com iscas no anzol

A beleza dourada da tua pele
É inimiga mortal do tempo
E se desafiam numa constante
Até que a segunda vence
E a primeira, caída, se rende

Ela é muito bonita mas não sabe
Que isso só não cabe
Nas medidas que cativam.

quinta-feira, 26 de julho de 2012


QUANDO A GENTE SE CALA 

Quando a gente se fala,
Sabe, meu amor,
Quando a gente se fala...
Por um bendito fio de cobre
Que seja...mas o que eu quero dizer é,
Que quando a gente se fala,
Sinto o calor do sol
Atravessar minha carne
Como só uma estrela dessa consegue
E os raios aquecem  meu coração alucinado
Ele bate louco e surtado
E esse encontro é forte
Esse encontro é muito forte
E se fosse da mesma quantia a sorte...

Da mesma maneira eu noto que,
Quando a gente se cala,
Há tanto alvoroço quando a gente se cala
Que parece um mar de desgosto
Eu vejo tudo fugindo ao oposto
E é realmente similar a morte
Esse momento quando a gente se cala
Nada é mais cinza e sem graça
A distância se multiplica entre o quarto e a sala
Permaneço imóvel e sozinho no escuro
Com meu coração que só a esperança ampara
Desacelerando, parece um peixe fora d’água
Pulsando menos e menos e menos...

quarta-feira, 25 de julho de 2012


OLHA  LÁ  O  MARROM

Olha lá o Marrom, tocando pandeiro no bar
Como se o dia nunca mais fosse acabar
Como se cada batida fosse o jantar
E como faz a morena jambo sambar, suar, se acabar

Olha lá o Marrom, acordado de algum lugar
Que improvisou como leito pro seu descansar
Como se cada amanhecer fosse a procura de um lar
Como a certeza de que dele não há par, ele é singular

Olha lá o Marrom, pedindo vaga pra jogar
Como se ninguém ali fosse do seu patamar
As quatro linhas e a trave retangular
Mais que isso só uma nêga pra amassar, amar, beijar

Olha lá o Marrom, trazendo o passado a chorar
Lamentando os erros, tropeços a sussurrar
O rio de desespero que não encontra o mar
Mas olha lá o Marrom voltando a batucar
Olha lá o Marrom a sonhar, se gabar, a enfeitar, a enganar
Olha lá o Marrom chegando pra almoçar

terça-feira, 24 de julho de 2012


ODE À BUNDA PERFEITA

Não sou um brasileiro nato, se acaso é fato,
que se deve apreciar o belo traço feminino,
por sua retaguarda.

Mas...

Preciso comentar daquela bunda,
a que vejo todos os dias
no mesmo horário, em minutos vários.
Preciso ao menos tentar explicar
como é bem feita, charmosa e eleita,
dentre todas  as bundas a perfeita. 

Vocês não estão entendendo!

Sei que é fadado, e não tarado, ao fracasso
o tento de  explica-la e até desenhá-la,
mas sendo da corte ou da senzala
o gene é perfeito,
aquele que esculpiu  tal glúteo,
tal feito.

Sim, é preciso muita engenharia corporal
pra eu me dispor em um sarau.

Ela ainda malha,
talvez ciente e orgulhosa de posse,
ela mantém seus dotes.

Ela ainda falha, desastradamente,
Para que os olhos afoitos parem
de segui-la, de espia-la...

E nem citei o decote, teceria outra ode.