sábado, 30 de julho de 2011


CERTAS  BELEZAS

Certas belezas apenas orbitam nossa convivência
mas são astros de uma luz própria anormal.
São fonte de energia para a alma, deleite para os olhos.
Certas belezas são extremamente singulares,
irritantemente inatingíveis e,
desdenham de tudo que almeja ser parecido,
é quem sabe um dom divino.
Certas belezas dão de ombros à perfeição
lhes deixando à sombra da inveja
que calcula mal que qualquer esforço em vão
é carinhosa onda aos rochedos viris.
Certas belezas estão por aí entre o real e a fantasia,
acariciando os olhos, nos deixando a taquicardia,
exalando sentimentos de euforia
Certas belezas nos fazem entender
O verdadeiro desígnio de Deus
E para que existe a harmonia da natureza
Como pano de fundo às incertezas
E da própria beleza em si
Certas belezas como a sua, são raríssimas, são nuas
E a perfeição te inveja sim, pobre derrotada...
Mãos atadas, expressão calada
Junto aos pés de quem caminha assim
Até mesmo ser saber que possui certas belezas...

quinta-feira, 21 de julho de 2011


ADMIRAÇÃO

Eu ficaria horas te olhando
Só por olhar, sem nada falar
Só pra saciar esse meu espírito
Que de culpa se isenta de ser lírico

Eu ficaria horas te olhando
Debruçado em meu silêncio discreto
Acariciando teu contorno perfeito
Que extraem da minha mão o afeto

Eu ficaria horas te imaginando
De que outra formas serias
Senão toda essa dúbia alegria
Eu ficaria horas te amando
Pra tentar mistura-me em teu destino
Eu passaria até uma vida esperando

Ps: à Patricia com carinho

quarta-feira, 20 de julho de 2011

EM  ALGUM  LUGAR  DO  SEU  SORRISO

Em algum lugar do seu sorriso
Há algum segredo subscrito
E eu não sei o que é...
São mantras que não escuto
São sentimentos mudos
Mas que eu sinto...
E vejo-os sem pecado
Morando nos teus lábios
Que desabrocham no sorriso

Mas vejam bem o que é isso
Quando uma vida desencontrada
Se acha na epiderme rosada
Que me ata ao compromisso

Graças a Deus...

E em algum lugar do seu sorriso
Meus olhos se vestem de alívio
Se aquecem de uma chama invisível
E me entorpecem sem aviso

Pois é, o amor assim chegou
Pela porta dos fundos e de pijama
Na abertura da primavera insana
Numa bagagem que só se vê flor

Graças a Deus...

E anunciada assim pelo seu sorriso...
Me negarei eternamente a ser omisso
Ou permitir que ele desmanche
Termine, desbote ou algo reclame
Mesmo tendo estado em tantos lugares
Muitos deles sem pares
Só me encontrei nos teus lábios...
E neles existo na beleza do teu sorriso

sexta-feira, 8 de julho de 2011

MOSAICO

Meus cabelos no espelho, tão desgrenhados,
com as voltas infinitas pra lugar nenhum,
se perdem entre os desconhecidos, mulatos e albinos,
se espreguiçam na manhã. A manhã de quinta, como a de sábado,
me mostra a mesma sobrancelha, espessa,
na cara desse homem comum.
Esse rosto tão assíduo a princípio não é cínico, é pálido,
fantasmagórico, e de súbito vejo um vinco,
a imperfeição passageira que um dia chega e fica.
Onde ela mora enquanto isso?
A rotina já está chegando e tem cheiro de café e pão francês,
usa relógio nos dois braços, fora o do aparelho celular.
Há aparelhos por toda a parte, todos marcam hora
e são precisos, mas por que preciso deles? Eu necessito?
Meu rosto ainda não saiu do mosaico,
com as pedrinhas se ajeitando atônitas,
procurando seu lugar até o dia em que não o acham mais.
O dia-a-dia não segura de manter todas as coisas e todas as faces.
Perdem-se pessoas, jogos, desejos e a fé.
Não perdi a fé como se perde cabelos,
disfarçadamente ou sem perceber. Será?
Foi olhando para o infinito, para dentro do azul
onde havia um astronauta desenhando nuvens
com sua carruagem de fogo e, de pronto, fiz o sinal da cruz,
como bom servo que sou.

domingo, 3 de julho de 2011


GENITOR

Meu pai
Meu genitor, meu criador, por favor
Quantos nós de madeira nos ataram?
Em quantos pedaços de papel carbono
Imitaram nossa relação? Tal qual eu somo
Eu como, eu mastigo, eu engulo
Todos os nossos desencontros

Meu pai
Meu condutor, operador, por favor
Um brinde à nossa fuga alucinada
E aos nossos passeios pelos sonhos
Uma taça ao alto, um  enorme salto
À tudo que podia ter sido, vencido
À nosso inesquecível tempo perdido

Meu pai
Meu amor, meu dissabor, por favor
Não se esqueça de trancar a porta
Da casa que não compartilhamos
Não se esqueça de apagar a luz
E me dar a bênção no interurbano
Por cada plano de Deus traçado sem engano

Meu pai
Meu orador, meu senhor, por favor
Cada um de nós sabe o caminho
De espinhos cravados aos pés cansados
Cada um de nós sabe o destino
Que devemos fazer lado a lado
Queixumes são passos que nos levam escada abaixo