sexta-feira, 29 de abril de 2011


O  TÁLAMO

O tálamo é sagrado
e nele não se esparramam
outras costas, não roçam outros pés
e nem puxam lençóis outras mãos trêmulas.
Há de se manter sempre o mesmo odor,
que exalam das mesmas fontes.
É necessário para a paz no tálamo
a regularidade de sujeira,
manchas laváveis e surdas,
febre e atletismo.
É recomendável que a madeira estale
como a lenha em dia de cozido na roça.
Estar-se-á  por esta razão eximido
de qualquer crime ambiental.
Deixe a madeira cantar aguda e desafinada.
Mas não é este pedaço um território de ninguém.
Não é zona de conflito.
É país democrático e sem preconceitos.
Área de proteção sentimental.
Outros leitos talvez sejam adequados
Para  ringues de vale-tudo 
e outros experimentos diversos
mas o tálamo não.
Nele o limite é para dois
numa matemática perfeita e química idem.
E se o dois for de duas metades,
és um tálamo abençoado
e filial do paraíso.

Um comentário:

  1. Olá meu caro,

    há algo de especial, bonito e único em sua escrita. Lindo blog ! Grata por sua amável visita e comentário. Volte sempre.

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