domingo, 3 de julho de 2011


GENITOR

Meu pai
Meu genitor, meu criador, por favor
Quantos nós de madeira nos ataram?
Em quantos pedaços de papel carbono
Imitaram nossa relação? Tal qual eu somo
Eu como, eu mastigo, eu engulo
Todos os nossos desencontros

Meu pai
Meu condutor, operador, por favor
Um brinde à nossa fuga alucinada
E aos nossos passeios pelos sonhos
Uma taça ao alto, um  enorme salto
À tudo que podia ter sido, vencido
À nosso inesquecível tempo perdido

Meu pai
Meu amor, meu dissabor, por favor
Não se esqueça de trancar a porta
Da casa que não compartilhamos
Não se esqueça de apagar a luz
E me dar a bênção no interurbano
Por cada plano de Deus traçado sem engano

Meu pai
Meu orador, meu senhor, por favor
Cada um de nós sabe o caminho
De espinhos cravados aos pés cansados
Cada um de nós sabe o destino
Que devemos fazer lado a lado
Queixumes são passos que nos levam escada abaixo

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