sexta-feira, 25 de novembro de 2011


CHEIRO DE CHUVA

Estou só em casa com o calor da primavera,
a meu favor, o gelo da cevada
dentro do entardecer do sábado,
a noite agora é muito jovem em Jacareí,
é jovem no meu sudeste.
Existe uma chuva de possibilidades
que cai junto com a água.
Tantas promessas lá fora mas não são minhas.
 Estou bem, estou no meu canto.
O som que chega aos meus ouvidos no quarto,
entre as gotas da chuva no telhado, é anos 60,
me enfeitiça.
Tenho um caderno amarelado pra rever,
já debutante e com orelhas,
e um fumo achocolatado pra queimar. Estou bem.
A pouco eu tinha um tênis cheio de chão
que joguei de lado, descanso agora,
regata no corpo e na mente um escopo
da mais possível felicidade,
que esculpi de modo bem simples.
O essencial está na conta dos dedos.
Após abrir a porta,
me invade um cheiro de asfalto molhado
que só faz sorrir,
e assim parece que a vida é nova em folha.

Um comentário:

  1. "Chuva de possibilidades"... gosto disto! É tão bonito e profundo quanto a expressão de um poeta gaúcho que escreveu, numa canção (outro contexto, a respeito do destino do tropeiro) "sempre encharcado de horizonte"...as duas expressões são de grande beleza, dão alento, vontade de continuar e encontrar com estas possibilidades e novos horizontes que parecem, estão logo ali, esperando nosso olhar...

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