domingo, 12 de fevereiro de 2012

JARDINS  DA  CIDADE


Sob este pedaço de firmamento
Quantas coisas se desenrolam
Pelos jardins da cidade, já nem sei
Apenas notei a manhã serena e despertei
À margem do rio Paraíba
Que divide a cidade na mesma paisagem...

Ao espreguiçar-me em meu berço esplêndido
Numa manhã fria que ao meu Jardim Flórida sorria
Dava pra avistar na margem oposta do rio
Os primeiros movimentos do Jardim Paraíba
As mulheres com seus carrinhos de feira
Da feira de quarta que quase chega à cabeceira
Da ponte primeira que liga dois horizontes...

É uma ótima pedida com certeza
Esta manhã com cara de outono
Pra umas pedaladas sem rumo nem endereço
Da 9 de julho ao Parque Brasil é um bom começo
Pra cair nas ruas largas do Jardim Santa Maria
E gozar da falta de subidas, o que me dificultaria...

Meu pensamento se dispersa sobre duas rodas, a bicicleta
E me pego em alguns lugares que as pernas não levariam
Até minha bisa eu visualizo entre mil retalhos
Costurando suas colchas lá na Vila Garcia, quem diria
São noventa anos de sabedoria, de uma vida que brilha
E vamos embora, agora de volta com os pés
Porque quase já chego no Jardim Califórnia
E tão longe de casa já me desligo outra vez...

Penso no que meu pai estaria plantando
Dentro do seu mundo encantado no Jardim Colônia
Seriam mudas de erva cidreira? Seriam begônias?
Pouco me importa, que fique em paz e se ajeite
Porque pela estrada eu vou até o Jardim Paraíso
Salvo que de bicicleta, só se for muito preciso
Subir a rua 19 então, nem por um ímpeto
Preferiria dar mil voltas no Parque dos Eucaliptos
E vou seguindo...

Corto grande parte do centro
Pela avenida Siqueira Campos
Corto como uma faca que desliza suave,
Corto como um denso rio manso
E ao passar em frente ao Mercado Municipal
Noto as alterações de trânsito, o caos
No acenar dos guardas que fazem sinal
Eu desço um pouco do camelo e vou à pé
E resolvo ir andando até o Jardim São José...

Ainda é cedo e na verdade nunca é tarde
Pra mais umas vagabundas pedaladas
E entro discreto no bairro São João, sem fazer alarde
Há tanto movimento nestas velhas calçadas
Quanto há histórias do Clube Elvira
Eis que faço o contorno e lembro de uma tia
Que eu tenho certeza que há de gostar de mim
Ela mora aqui por perto, na Cidade Jardim
Onde tem até o Cristo...
E ele há de saber que eu existo...

2 comentários:

  1. ...que passeio delicioso!!!

    para um ateu,
    encerrar o poema com Cristo,
    é qqr coisa de lindo!

    bj imenso neste doce coração!

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  2. Respondendo ao seu comentário, houve um tempo que fui cristão!

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