segunda-feira, 13 de agosto de 2012


SOPRO  AO  MÁRMORE 

O soçobro se deu lá no fim da escada
Do sopro que empurrou das mãos,
O último beijo, o último gesto,
O último suspiro anunciando o fim

E parece que fiquei por alguns meses
À decorar o corrimão, tal imóvel estátua
Uma figura de mármore, gelada e pálida
Sim, fiquei ali por um bom tempo

O esboço do adeus se deu na fachada
Uma hora antes haviam morrido as palavras
E escorreu o medo pelas menores frestas
E se fez geada em pleno dezembro

O sopro se misturou ao ágil vento
Que correu mundo afora, sem retorno
Respiro apenas ares de doce veneno
Que me rodeiam na varanda abandonada

Nem a roseira se compadeceu
Se curvou até mim, num outro adeus

Nenhum comentário:

Postar um comentário