ZEPELIM DE CHUMBO
Os homens arranham a
primavera
com o espinho das flores
e,
atravessando a seu modo
tempos bons, tempos ruins
e o marasmo, eles
constroem a batalha de sempre.
Destroem sem piedade,
os templos sagrados de sua
confiança.
Corpo atordoado e confuso
aprisionando a alma pequena,
eles ouvem mas não
distinguem sons
pois o colapso na comunicação se fez.
Quatro homens sobem a
escada para o céu
entoando a ‘Canção do
Imigrante’.
Apesar da fraqueza de suas
vozes,
a canção continua a mesma.
Suas mulheres já foram despedaçadora
de corações
mas o amor era nobre,
mesmo de cobre,
era um bocado de amor.
O choro galopante dessas
coitadas
doía e pesava como um
zepelim de chumbo,
as dores do mundo as
encaravam
como a noite vestida de
cachorro preto.
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