domingo, 2 de outubro de 2011


O DIA EM QUE O DIA NÃO ACABOU

Naquela fatídica tarde
O sol se enroscou no horizonte
E sem muito alarde
Pairou imóvel atrás dos montes

Cessou na igreja a chuva de arroz
Paralisou-se a obra do metrô
Estagno-se o astro onde ninguém o pôs
Chegou o dia, como dizia meu avô?

As crianças brincando no parquinho
Não entendiam aquela agonia laranja
Até um cego estranhou um pouquinho
E uma mulher perdera sua colher na canja

Nunca desejaram tanto o escuro
Para dentro desse dia eterno
Todos queriam provar ser puros
Mas seus pecados não cabiam no terno

E o sangue do sol espalhou o vermelho
Tudo na terra e na água ficou vermelho
Todos que roubaram para não entrar no inferno
Sem exceção, em vão, se puseram de joelho

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