domingo, 25 de março de 2012


FLORATTA  IN  BLUE

Sentado à pose de Rodin e muito menos emblemático,
sou apenas um homem com memórias, vastas.
No labirinto incrustado dentro do baú
de lembranças colecionadas ou não, há tantas.
Imagens de lábios, rabiscos de olhos salpicados de azul,
outrora castanho, as imagens são múltiplas e sem tamanho.
Campos e bangalôs, ondas, areia branca,
cheiro de chá que é de camomila
ou um livro que breve se termina,
deliciosamente novo, em folha.
Me lembro agora de minha atenção
algumas vezes seqüestradas pelas ‘damas da noite’,
aqui mesmo na vizinhança, rápido crime que perdôo.
E muito prazeres mais guardados nos compartimentos mentais,
auditivos, olfativos... Um se sobressai ligeiramente,
me embriaga de outras tão boas memórias.
O olfato me privilegiou um dia e tenho a grata lembrança
do entorpecimento e teu doce veneno me invadiu pelas narinas.
Confortavelmente anestesiado, talvez,
ante a química da alva pele recebendo a Floratta,
depois disso mais nada.
É ver o mundo parar por um instante
quando essa água das flores na sua pele é sorvida,
inexplicavelmente sedante.

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