AOS IDOSOS
Eu tenho passos
contidos que não se apressam
É o máximo que posso
dentro de um sacrifício
O meu início? Com
muito esforço ainda me lembro
Meu corpo maltratado
pelo tempo, pelo ofício
Os anos que se revezam
em números nunca interrompem seu trabalho contínuo
A cada temporada
percebo que suas pás de metal desconhecido e frio
Cavaram e
cavoucaram e estenderam algumas rugas
como ruas paralelas
Ruas como aquelas em
que já morri mais um pouco em qualquer fila
Se minha voz fosse um
pouco mais alta eu reclamaria
Se meu vulto fosse
assim uma figura esguia
Quem se atreveria,
quem me desprezaria como hoje
Tolos, multidão de
tolos que comprariam por ouro minha experiência
Tenho medo mesmo é da
noite, meu algoz, meu açoite
Meu quartinho é
pequeno mas eu cuido com zelo
sai desse quartinho e vem rir com a gente
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