GATUNA
Ela entrou pela janela do banheiro
Sem fazer nenhum barulho
Tal uma serpente no escuro
E ninguém percebeu nada.
Na sala estavam suspensos no ar
Alguns aromas, fumaça e risadas
balançavam copos de whisky
embaralhava-se outra rodada
Ela arrastou-se por atalhos da casa
de mais de vinte e sete cômodos
respirando e pisando feito uma gata
esteve presente sem causar incômodo
Alguns quartos acolheram amantes
E as cozinhas contavam azulejos
A noite não pretendia terminar
E o artista ensaiava um arpejo
Ela levou tudo o que pode
Passando carregada nas sombras
Levou até corações quebrados
Com talento que o dinheiro não compra
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