quarta-feira, 24 de outubro de 2012


ESCADARIA

Ninguém sabe que a escadaria
que leva ao cemitério
também leva à sério os casos de amor...
e seus grandes mistérios.
Ninguém conhece o reencontro
de mãos dadas, exalando pelas escadas
o anúncio de um beijo, os mais íntimos desejos.
Ninguém sabe, mesmo quem mora em Passa Quatro.

Ninguém ouviu o estouro de alegria
que num degrau acontecia, a restaurar-se um tempo,
saudoso tempo.
Um blecaute na cidade, escuridão quiçá em Minas,
fez do céu uma obra-prima
ao convidar milhões de estrelas.
Fez verão em julho quando entrei no seu abraço.

Ninguém suspeita que no fim da escadaria
começa outra história, em que a felicidade é parte obrigatória
e tempera cada palavra, dança com cada frase.
Ninguém imagina que esta cidade dita fria,
só o é para quem não ama,
e não enamora-se na escadaria.

Ninguém reclamaria aquele espaço escarpado
onde estava de lado o que não fosse o recomeço,
o que não fosse a extasia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário