ECO HOSTEL
Do meu corpo em
repouso na cadeira grande,
pela manhã,
minha mente girava curiosa,
do destino verso
ou prosa das palavras de um grego,
despejadas a
granel, no infinito branco do papel.
Ele escrevia por
horas, a caneta dançava à Ravel.
Da sacada
minúscula do hostel, o Rio de Janeiro,
era
insignificante fração, da beleza tanta, do inteiro.
Meus olhos só
viam lá em baixo a pressa de quem nunca olha pra cima,
da rua São
Clemente que rima, com meu coração dormente, que lastima.
Esquecer um amor
em Botafogo era fundamental
mas cheirava a
fracasso essa ideia tal,
melhor me ater
com amigos novos, que não estão a saber mas são curiosos,
dos olhos
estranhos entre as beliches, dos idiomas que nem cabem no ouvido,
dos sotaques, dos ruídos.
Enquanto portenhas
discutem seu passeio,
ou o valor do
peso e do banheiro sem asseio,
permanecia meu
corpo entre elas alheio,
minha mente
sequer tinha ido ao Rio de Janeiro.
Uma
belo-horizontina, como só elas quebram barreiras,
pegou minha
atenção com todo seu jeito mineiro,
me contou de
Roma, me traçou roteiros...
tínhamos sacada
e cerveja e, próximo a nós, entre folhas sobre a mesa,
o grego escorria
sua odisseia na ponta da caneta.
(Rio de Janeiro - jan/2012)
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