terça-feira, 30 de outubro de 2012


ECO  HOSTEL

Do meu corpo em repouso na cadeira grande,
pela manhã, minha mente girava curiosa,
do destino verso ou prosa das palavras de um grego,
despejadas a granel, no infinito branco do papel.
Ele escrevia por horas, a caneta dançava à Ravel.

Da sacada minúscula do hostel, o Rio de Janeiro, 
era insignificante fração, da beleza tanta, do inteiro.
Meus olhos só viam lá em baixo a pressa de quem nunca olha pra cima,
da rua São Clemente que rima, com meu coração dormente, que lastima.

Esquecer um amor em Botafogo era fundamental
mas cheirava a fracasso essa ideia tal,
melhor me ater com amigos novos, que não estão a saber mas são curiosos,
dos olhos estranhos entre as beliches, dos idiomas que nem cabem no ouvido,
 dos sotaques, dos ruídos.

Enquanto portenhas discutem seu passeio,
ou o valor do peso e do banheiro sem asseio,
permanecia meu corpo entre elas alheio,
minha mente sequer tinha ido ao Rio de Janeiro.

Uma belo-horizontina, como só elas quebram barreiras,
pegou minha atenção com todo seu jeito mineiro,
me contou de Roma, me traçou roteiros...
tínhamos sacada e cerveja e, próximo a nós, entre folhas sobre a mesa,
o grego escorria sua odisseia na ponta da caneta.

(Rio de Janeiro - jan/2012)

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