sábado, 27 de agosto de 2011


HOJE

Hoje percebi,
Que sua voz é inconfundível
Mas depois não consegui lembrar-me dela
Hoje, quando atravessei a rua
Hoje, quando sentei na escada
Hoje, quando olhei o tempo perdido
Da minha casa, na sacada

Hoje, eu me apavorei
Com seu cheiro afrodisíaco
Seu aroma peculiar e tímido, no ar, ao meu redor
Hoje, ao pé da porta
Hoje, no portão da frente
Hoje, no meio do suspiro longo
Caído em sua cama onde sentei demente

Hoje, te olhei demais
Num tempo que não foi suficiente
Me senti pequeno e sem palavras, dormente
Hoje, no fim da música
Hoje, no branco do lençol
Hoje, onde pintamos pistas
Escuras e arredias ao afago do sol

Hoje quase sem querer
Descobri nas coisas desarrumadas
Em que você mexia e relia, o amor
Hoje, no sabor do chá gelado
Hoje, na tarde sem pressa
No imensurável prazer de estar do seu lado

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