segunda-feira, 29 de agosto de 2011


QUILÔMETROS  AZUIS

Aqui em minha frente,
na frente do meu descanso,
vejo esse antebraço mas,
me salta aos olhos tão estranho
- em posição de queda-de-braço
- parece ter barriga d’água – não me ocorreu antes,
que fossem tão longas estas veias, silenciosas,
quilômetros de azul por sob esta pele (em mutação constante).
Agora encaro a epiderme com muita atenção,
aquela que não disperso aos transeuntes,
agora vai aos poros, um tanto manchados,
friso a testa com a expressão carrancuda
pois nunca havia reparado tal exclusão,
cemitério de células. Peço licença à tatuagem,
que mora sobre o tépido músculo, tranqüila.
Jogo os olhos sobre os pêlos
e me sinto acuado na árida paisagem.
O sentimento nu e perdido.
Nunca estive aqui.
Nunca estive em mim. Por onde ando?
Tenho manchas pelo corpo, pedaços de madrugada.
Não venta mais pela penugem delgada que se esfacela,
a ainda assim se atropelam até o abismo do corpo.
Há quanto tempo não vejo meu sangue,
que me pergunto por onde ele anda,
nunca mais voltou à maçã do rosto
mas sei que ele ainda vagabundeia,
por quilômetros de estradas azuis.
Ele vai onde eu não vou
e corre amargo em meu sorriso,
descansa em meu pensamento
como que rodaste o mundo.

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