domingo, 11 de setembro de 2011


POEMA DE ANTE-VÉSPERA

(A Solidão do Espelho)

Da caminhada sem mãos
Me atento ao pássaro no céu
O pássaro sem ninho
Que despenca das alturas
Sem beijar o chão                       
Me atento para a solidão
Noto o cansaço das asas
O bico agônico e seco
De quem nunca pousa
De quem nunca descansa
O pássaro embriagado
De tanto céu azul
De tanta nuvem torta
Oh! Meu Deus!
Pra onde ele vai agora?
Se não há destino nem volta
Não há caminho
Pra fugir, ir embora
O azul anoitece
A escuridão apavora
E o pássaro sem ninho
A vagar chora
Que pena, que rapina
Que vasta incerteza
E deitando-me pra assistir
Do solo, o solo trajeto
Frio e rasante é o medo
(que medo)
O céu parece um espelho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário