sábado, 3 de setembro de 2011


FILHO ÚNICO

Eu sou filho único,
do único encontro do mesmo sêmen,
com o mesmo abrigo, o único.
De alguma maneira eu sou sozinho,
uma receita perdida, um beijo doce e longo
de despedida.
Não é curioso? Não é soberbo?
Sou um cometa, sem cauda, sem destino.
Eu sou um homem, embora menino.
Me assemelho aos deuses
E mais quando sou único
Que egoísta que sou quase sempre
Em minha parede cinza está sempre ausente
As cores daqueles momentos ternos
Emolduradas por quadras douradas
Ainda bem que um dia chegou minha amada
Com o dedo em riste nos lábios dizendo:
- Shiiiiiu. Silêncio! Eu vim pra te salvar.
- Eu sou a única que pode e você é único e meu.
- Claro! – completei. – você sou eu, ao contrário.
Perfeita sintonia do universo, na forma do eu, inverso,
nas curvas desta esbelta mulher.
Continuo singular como todos são, porém,
Mantenho a visão multifacetada de quem é filho único,
Me escondo e me protejo, carapaça de caranguejo.
E da dose do teu beijo, vivo mais um dia
Amo tantos meus irmãos, sem aquele laço, sem aquele sangue,
Sem a pesada obrigação de amar, apenas os amo.
No início de cada dia, talvez porque você me abraça
No meio da nossa confusão, morna e sem lei
Não sei onde me termino ou onde te começo, não sei
Já começa a não importar mais estes meros limites,
A partir do momento em que juntos estamos inteiros.

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